Ao falar à imprensa, em alusão ao Dia Mundial de Combate à Hipertensão Arterial, que hoje se assinala, o coordenador nacional de Doenças Crónicas não Transmissíveis, admitiu que análises comparativas mostram que, em 2013, o país registou 36 mil novos casos da doença e, olhado para 2021, nota-se que houve um aumento no número de doentes hipertensivos.
Pelo menos, 322 mil novos casos de hipertensão arterial foram diagnosticados pela Direcção Nacional de Saúde Pública, em 2021, dos quais 1.452 terminaram em óbitos, segundo o coordenador nacional de Doenças Crónicas não Transmissíveis, António Armando.
Ao falar à imprensa, em alusão ao Dia Mundial de Combate à Hipertensão Arterial, que hoje se assinala, António Armando admitiu que análises comparativas mostram que, em 2013, o país registou 36 mil novos casos da doença e, olhado para 2021, nota-se que houve um aumento significativo no número de doentes hipertensivos.
O coordenador do Programa Nacional das Doenças Crónicas não Transmissíveis disse que os dados mostram que a hipertensão arterial é um grave problema de saúde pública e faz parte das doenças crónicas não transmissíveis que assumem maior relevância no país e merecem prioridade e atenção redobrada.
Até a nível global, frisou António Armando, a hipertensão arterial já começa a tomar contornos alarmantes, porque, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de mil milhões de pessoas no mundo sofrem dessa doença.
De acordo com António Armando, a hipertensão arterial faz parte das doenças cardiovasculares que constituem a primeira causa de morte no mundo, seguida do cancro, doenças respiratórias e diabetes.
"Daí a razão de a OMS ter recomendado a todos os países no sentido de implementarem medidas preventivas e traçarem estratégias que visam uma melhor assistência primária, para se reduzir o impacto negativo que a hipertensão arterial provoca no seio da população”, sublinhou.
Cumprindo com as directrizes da OMS, António Armando disse que o Estado angolano reconhece a hipertensão arterial como um grave problema de saúde pública e, por isso, recomenda que, no mínimo, 50 por cento dos hospitais de nível primário tenham condições para diagnosticar e controlar a patologia.
Subvenção de medicamentos
O coordenador do Programa Nacional das Doenças Crónicas não Transmissíveis referiu que dentro do Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário foram implementadas algumas medidas, que visam reduzir o impacto da doença no seio da população. "Uma das medidas é a isenção dos impostos aos medicamentos relacionados com doenças crónicas não transmissíveis, tendo em conta os custos altos que a medicação acarreta no bolso do doente crónico”, salientou.
Segundo o responsável, apesar dessas medidas, muitos pacientes continuam a reclamar pelo elevado custo dos fármacos, "porque eles precisam tomar os anti-hipertensivos todos os dias, para se evitar que evoluam para quadros mais graves, como acidentes vasculares cerebrais (AVC) ou insuficiência renal crónica.
António Armando explicou que o Ministério da Saúde trabalha com o Ministério das Finanças na questão da isenção total dos medicamentos de doenças crónicas, ao mesmo tempo que se apela que os impostos pagos por produtos nocivos, como cigarro, possam ser revertidos ao sector da Saúde, no sentido de se gerar mais recursos para a compra de mais anti-hipertensivos e, assim, facilitar a vida dos pacientes.
"Outra medida que está a ser implementada a nível da Direcção Nacional de Saúde Pública é a elaboração de um manual para abordagem de um paciente com hipertensão arterial, a nível dos cuidados primários de saúde”, acentuou.
De acordo com o responsável, a maior parte dos doentes hipertensivos recorre às unidades de saúde de nível primário. Logo, recomendou, os profissionais que lá trabalham devem saber como abordar o paciente e os medicamentos a indicar, já que em cada paciente os níveis de tensão arterial são sempre diferentes. António Armando diz ser necessário a criação de um instrumento que dê informações específicas aos médicos especialistas e que facilite a aquisição de medicamentos por parte do Estado.
O coordenador das Doenças Crónicas não Transmissíveis defende que, para se reduzir o impacto da doença no seio da população, é preciso investir na educação sobre saúde, uma vez que as pessoas devem saber quais são os factores de risco desta doença e o que devem fazer, para evitar desenvolvê-la. "Por isso, a nossa direcção trabalha no sentido de conseguirmos financiamento para impressão e publicação de manuais com informação sobre a hipertensão arterial, com o objectivo de informar cada vez mais a população", salientou.
António Armando disse que a sua direcção trabalha também na realização de um estudo epidemiológico em áreas específicas do país, para se saber sobre a prevalência da hipertensão no seio das comunidades e ensiná-las a controlar a doença.
Definição da doença segundo a Organização Mundial da Saúde
A hipertensão arterial é caracterizada pela elevação sustentada dos níveis de pressão arterial acima de 140×90 milímetros de mercúrio (mmHg), popularmente referenciada como 14/9 mmHg. O primeiro número se refere à pressão máxima, que corresponde à contracção do coração, e o segundo à pressão do movimento de diástole, quando o coração relaxa.
A hipertensão arterial pode ser primária, quando é geneticamente determinada, ou secundária, quando decorrente de outros problemas de saúde, como doenças renais, da tiróide ou das supra-renais. É fundamental diagnosticar a origem da doença, para que seja introduzido o tratamento adequado.
A pressão arterial é medida através de aparelhos, como o tensímetro ou esfigmomanómetro, e pode ter uma variação relativamente grande sem sair dos níveis de normalidade. Para algumas pessoas é normal ter uma pressão de 12/8 ou 10/6. Já valores iguais ou superiores a 14 se consideram uma hipertensão e de 9 para baixo uma hipotensão. Apesar de a doença ser muito silenciosa, fornece sinais de alerta, que indicam alterações nos batimentos cardíacos, como tontura, falta de ar, palpitações e dor de cabeça frequente.
As principais causas da doença são as obesidades, histórico familiar, stress e envelhecimento. Segundo estudos da OMS o sobre- peso e a obesidade podem acelerar, até 10 anos, o aparecimento da doença. O consumo exagerado de sal, maus hábitos alimentares têm aumentado o risco do surgimento da hipertensão.
As principais complicações da hipertensão são Acidentes Vascular Cerebral (AVC), enfarte agudo do miocárdio e doença renal crónica. Além disso, a hipertensão pode causar hipertrofia do músculo do coração, causando arritmia cardíaca.
A hipertensão, na grande maioria dos casos, não tem cura, mas pode ser controlada. O tratamento da doença de forma contínua amplia a qualidade e expectativa de vida.
Vale dizer que nem sempre o tratamento significa o uso de medicamentos. É necessário adoptar um estilo de vida mais saudável, como mudança de hábitos alimentares, redução do consumo de sal, praticar exercícios físicos de forma regular, não fumar e reduzir o consumo de bebidas alcoólicas.
Fonte: Jornal de Angola