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Luanda - A ambientalista angolana Fernanda Renée é a campeã da conservação das Zonas Húmidas do mundo, galardão atribuído pelo Comité Permanente da Convenção Ramsar.

O prémio, no valor de 10 mil dólares norte-americano, visa reconhecer a contribuição da jovem na reflorestação e protecção dos mangais ao longo da zona costeira angolana, permitindo, assim, a preservação da existência de várias espécies marinhas, desde crustáceos, peixes e aves com destaque para os flamingos e pelicanos.   

Focada na protecção, conservação e restauração das zonas húmidas, em particular dos mangais, Fernanda Renée não só inspirou milhares de jovens, como também atraiu para a sua causa, governantes e várias instituições públicas e privadas na protecção dos mangais.

Face ao trabalho árduo desenvolvido pela jovem que começou com a obra voluntária para salvar o habitat dos flamingos do Lobito, foi convidada pelo Presidente João Lourenço a fazer parte do Conselho da República, tornando- se assim na mais jovem membro do órgão presidencial.

As zonas húmidas contribuem para controlar o clima e apoiam os ecossistemas e a biodiversidade. 

De acordo com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), áreas húmidas, como pântanos e mingais, fornecem água potável, energia, peixes, agricultura, transporte, lazer, valores culturais e turismo. Mas elas estão a desaparecer da terra três vezes mais rápido do que as florestas.  

A engenheira de produção de petróleos Fernanda Renée Samuel trabalha em protecção ambiental e foi uma das finalistas do prémio da ONU, uma das cinco escolhidas para a região de África.

É co-criadora da AmbiReciclo, uma startup que promove a economia verde, e fundadora da ONG Otchiva projecto que tem se dedicado à protecção dos mangais.

 

Fonte: Angop

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De acordo com dados do Inpe maior floresta tropical do mundo teve 2.287 focos de incêndios em maio, o maior número para o mês em 18 anos.

Amazônia brasileira registrou 2.287 focos de incêndios florestais em maio, o maior número para o mês em 18 anos, informou nesta quarta-feira (1º/06) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O número de fontes de calor medido pelos satélites do Inpe em maio foi 96% superior ao do mesmo período do ano passado (1.166) e o maior índice para o mês de maio desde 2004, quando foram registrados 3.131 incêndios florestais na parte brasileira da maior floresta tropical do mundo.

Segundo o Inpe, com o salto das queimadas em maio, o número de fontes de calor nos primeiros cinco meses de 2022 subiu para 4.971, o que significa um crescimento de 22% em relação ao mesmo período de 2021.

 

No Cerrado, houve 3.578 incêndios, segundo o Inpe, um aumento de 35% em relação a maio de 2021 e o número mais alto para um mês de maio desde que os registros começaram, em junho de 1998.

Também há alarme sobre a área de Mata Atlântica, na costa brasileira, onde o desmatamento aumentou 66% no ano passado, de acordo com um relatório da semana passada da ONG SOS Mata Atlântica.

Ambientalistas salientam que o Brasil tem enfrentado um aumento dos incêndios florestais e do desmatamento desde que o presidente Jair Bolsonaro tomou posse, em janeiro de 2019.

"Estes números não são uma exceção, fazem parte de uma tendência de destruição ambiental nos últimos três anos, que é o resultado de uma política deliberada do governo", lamentou o diretor da filial brasileira do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), Mauricio Voivodic. Segundo ele, o Governo de Bolsonaro está "ignorando a ciência, e o Brasil pagará um preço pesado no futuro".

"É um desastre ambiental sem precedentes, que pode se agravar se o Congresso insistir em aprovar medidas do Executivo que fragilizem ainda mais a preservação do meio ambiente", ressaltou Voivodic.

Situação pode piorar

De acordo com especialistas, a maioria destes incêndios são em decorrência de queimadas agrícolas em áreas desmatadas ilegalmente. Maio não costuma ser o mês com mais incêndios florestais – o pico normalmente ocorre em agosto e setembro, no meio da estação seca. Por essa razão, um número de incêndios tão alto já no mês de maio levanta o temor de que 2022 seja um ano particularmente devastador.

 

A tendência é que a situação piore nos próximos meses e que o número de incêndios florestais volte a subir após a trégua de 2021, quando o número de chamas caiu 37% em relação a 2020.

Os 103.161 incêndios registrados na Amazônia em 2020 destruíram uma área 15,6% maior que a de 2019, quando imagens de chamas avançando pela floresta chocaram o mundo e provocaram protestos em vários países.

Bolsonaro, conhecido por defender e permitir atividades de mineração e agrícolas em áreas protegidas – incluindo em territórios indígenas – é alvo de muitas críticas por parte da comunidade internacional por sua política ambiental.

Desmatamento também cresce

Além das queimadas, a área desmatada na Amazônia também vem crescendo nos últimos meses.

Segundo dados do Inpe, os alertas de desmatamento na floresta atingiram novo recorde mensal em abril, com 1.013 quilômetros quadrados de floresta derrubados, o que representa um salto de 74,6% em relação ao mesmo mês do ano passado e o maior nível para abril desde 2016.

Entre janeiro e abril, o Inpe emitiu alertas de desmatamento de 1.954 quilômetros quadrados na maior floresta tropical do mundo, que corresponde a cerca de 60% do território brasileiro, com registros em três dos quatro primeiros meses do ano.

 

Dados oficiais mostram que, entre agosto de 2020 e julho de 2021, a Amazônia brasileira perdeu 13.235 quilômetros quadrados de vegetação, a maior área degradada em doze meses registrada nos últimos quinze anos.

 

Fonte: G1.globo

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Relatório do instituto sueco de pesquisa da paz traça quadro inquietante, mostrando como crises de segurança e ambientais se reforçam mutuamente. Ação preventiva e coragem para reformas são imprescindíveis.

A humanidade se encontra numa "situação de emergência planetária": crises ambientais e de segurança se potencializam mutuamente, de modo perigoso. Desmatamento, derretimento de geleiras e poluição oceânica por plástico ocorrem simultaneamente ao aumento das mortes em conflitos, de gastos armamentistas e do número de seres humanos em risco de passar fome. A pandemia desencadeada pelo vírus Sars-Cov-2 gerou novos perigos.

Um exemplo é a Somália, país do Leste da África em que seca persistente, associada a pobreza, falta de assistência e um governo fraco, precipitaram a população nos braços do grupo extremista islâmico Al-Shabab. Também a América Central sofre: safras perdidas devido às mudanças climáticas, aliadas a violência e corrupção, provocaram êxodo em direção aos Estados Unidos. 

Falta um plano transnacional, o mundo "vai tropeçando" para uma nova e complexa situação de perigo.

Em sua análise Meio ambiente da paz: Segurança numa nova era de risco, a organização de pesquisa da paz Stockholm International Peace Research Institute (Sipri) traça um quadro da situação mundial perante crises cada vez mais complexas e imprevisíveis. De início inquietante ao extremo, o estudo conclui acenando com esperanças.

"Natureza e paz estão tão estreitamente ligadas, que os danos a uma prejudicam a outra, enquanto o fomento a uma fortalece a outra. É preciso agir, e a hora é agora", observou à DW Dan Smith, diretor do instituto sueco reconhecido mundialmente por seus relatórios anuais sobre exportações internacionais de armamentos.

Mais riqueza, mais insegurança

O Sipri divulgou seu novo estudo nesta segunda-feira (23/05), pouco antes da abertura no 9º Fórum de Estocolmo sobre Paz e Desenvolvimento como um toque de despertar para os políticos e outros tomadores de decisões. Pois alguns governos não reconheceram a gravidade da crise, olham para ou outro lado ou até mesmo acirraram a insegurança, aponta o instituto.

"Outros chefes de Estado e governo, por sua vez, gostariam de agir, mas têm outras prioridades que exigem urgentemente tempo e atenção, como a pandemia de covid-19 dos últimos dois anos, ou, atualmente, a guerra na Ucrânia", diz Smith.

Em suas 93 páginas, o estudo descreve as consequências globais que ocorrências regionais podem ter num mundo interconectado, quando catástrofes meteorológicas causadas pelas mudanças climáticas e pela pandemia de covid-19 ameaçam as cadeias de abastecimento mundiais.

Violência e destruição de safras tornam a vida insuportável para muitos agricultores, contribuindo para grandes ondas migratórias. Além disso, os conflitos armados entre nações dobraram em número entre 2010 e 2020, sendo atualmente 56.

Também dobrou o contingente de refugiados e desterrados, até 82,4 milhões. Além disso, em 2020 houve um incremento das ogivas nucleares, após anos de redução; e no ano seguinte pela primeira vez os gastos militares globais ultrapassaram a marca dos 2 trilhões de dólares.

Os principais atingidos, são "frequentemente países que já sofrem pela pobreza e má governança", advertem os 30 autores do instituto de pesquisa da paz e de outras instituições, acrescentando que "a sociedade humana pode estar mais rica do que antes, porém é inegavelmente mais insegura".

Falta de prevenção agrava riscos

A análise também esboça uma situação ambiental catastrófica, com um terço das espécies vegetais e animais ameaçadas de extinção. A qualidade do solo decai, "enquanto a exploração de recursos naturais, como florestas e peixes, se mantém num nível insustentável", e a mudança climática global gera extremos meteorológicos cada vez mais frequentes e intensos.

Para a comissária da União Europeia do Meio Ambiente, Margot Wallström, a pandemia de covid-19 demonstrou "que risco corremos, se não nos prepararmos". Os governos "devem avaliar os riscos à frente, desenvolver a capacidade de lidar com eles e tornar mais resistentes as sociedades", apela a ex-ministra do Exterior da Suécia, que integra o grêmio internacional de especialistas que assessora a iniciativa "Meio ambiente da paz" do Sipri.

A Coreia do Sul deu um exemplo de como agir de forma preventiva, frisam os pesquisadores da paz: empregando as lições do surto do vírus Sars em 2002, ela conseguiu restringir sua taxa de mortalidade pela covid-19 a 10% da de outros Estados de população equivalente, evitando assim grande parte das sequelas econômicas e sociais sentidas em outros países "que não haviam se preparado devidamente para a pandemia".

Alemanha na vanguarda da guinada energética

Os autores do Sipri também indicam possíveis saídas para a crise global, como diretrizes para os tomadores de decisões políticas. Assim, são necessárias visões de longo prazo, mas também ações imediatas, a fim de enfrentar as ameaças comuns. E em todos os processos decisórios, desde os comunais até as Nações Unidas, deve-se sempre integrar os indivíduos mais atingidos.

Os chefes de Estado e governo precisam agir, até mesmo em interesse próprio: "Eles sabem que a destruição ambiental gera mais insegurança. Como necessitam segurança, precisão combater a destruição, e só podem fazer isso conjuntamente." Um exemplo positivo seria a declaração conjunta da China e EUA para cooperação na proteção climática, feita durante a Conferência do Clima da ONU (COP 26), em novembro último.

Dan Smith confere à Alemanha, enquanto grande potência econômica, um papel político importante na configuração das reformas necessárias. O país foi primeiro "que manifestou no Conselho de Segurança da ONU a conexão entre as mudanças climáticas e os riscos à segurança". Agora, ele pode liderar uma guinada energética "que se liberte não só dos combustíveis fósseis de origem russa, mas desses combustíveis em geral".

 

Fonte: Dw.com

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Angola participa de hoje até sexta-feira na Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente, Stockholm+50: “Um Planeta Saudável para a Prosperidade da Responsabilidade Total, Nossa Oportunidade”, a realizar-se em Estocolmo (Suécia), durante a Semana do Dia Mundial do Ambiente, com uma delegação chefiada pela Ministra do Estado para o Sector Social, Carolina Cerqueira.

A delegação angolana integra também o ministro da Cultura, Turismo e Ambiente (MCTA), Filipe Zau, governadora da Província de Luanda, Ana Paula de Carvalho, vice-governadora do Zaire, Ângela Diogo, e a secretaria de Estado para o Ambiente do MCTA, Paula Coelho.

Segundo um comunicado e imprensa do MCTA enviado ao Jornal de Angola, está conferência sobre o Ambiente, terá lugar 50 décadas, depois da realização da conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em 1972.

O evento proporcionará os lideres mundiais a oportunidade de concertar uma acção ambiental multilateral, para garantir um futuro melhor e um planeta mais saudável, organizada pelas Nações Unidas, com o apoio do Governo do Quénia.

O Objectivo da conferência é o Desenvolvimento Sustentável em Angola, um apelo global à acção para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade.

 

Fonte: Jornal de Angola

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Em 1992, representantes de 178 países se reuniram no Rio para discutir problemas ambientais. Conferência chamou atenção para desenvolvimento sustentável e viabilizou tratados, mas passos concretos ainda deixam a desejar.

Efeito estufa, desmatamento, camada de ozônio. Três décadas atrás, esses e outros conceitos ainda eram muito mais restritos aos jargões dos cientistas do que presentes no dia a dia da população em geral. Trazer a conscientização ecológica para o debate público, apontam especialistas, foi o principal legado da Eco-92 ou Cúpula da Terra, como ficou conhecida a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, que reuniu representantes de 178 nações no Rio de Janeiro entre 3 e 14 de junho de 1992.

Faz 30 anos, e as transformações vividas pelo planeta de lá para cá tornaram imprescindível o que já era urgente: colocar em prática medidas para conter a devastação ambiental em busca de um desenvolvimento sustentável. Com termômetros marcando temperaturas cada vez mais elevadas, o vocabulário do tema também foi atualizado — "aquecimento global" e "catástrofe climática" são exemplos de termos hoje correntes.

"A Eco-92 trouxe à pauta política internacional e ao discurso público temas que até então eram praticamente restritos à comunidade científica. A mudança climática, por exemplo, já havia sido apontada há muitas décadas, desde pelo menos meados do século 20, mas era uma coisa distanciada do grande público e dos gestores públicos ou privados", afirma o biólogo Mairon Bastos Lima, pesquisador do Instituto Ambiental de Estocolmo. "O evento foi vanguardista, mas ainda temos um atraso grande para tirar", avalia.

"Podemos dizer que a Eco-92 iniciou o século 21. Consagrou a ideia do desenvolvimento sustentável, que se diferencia qualitativamente do crescimento econômico, e mostrou a necessidade de incorporar a sustentabilidade à agenda empresarial e dos governos", resume o ambientalista Fabio Feldmann, consultor sênior do Centro Brasil no Clima.

Segundo ele, o evento colocou como fundamental a garantia dos direitos das futuras gerações. "Em outras palavras: mudou o mundo", considera.

Ao colocar a ecologia como fundamental, a Eco-92 também impactou o marketing e as próprias relações comerciais. "Foi referência para a mudança de mentalidade também nas empresas", pontua o publicitário Marcus Nakagawa, coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Sustentável. "A importância do marketing para causas ecológicas é fundamental. Muitas organizações fazem todo um marketing social e ecológico ensinando as pessoas a importância de se olhar e preservar a natureza e esse movimento começou a crescer [a partir daquele evento]."

Os desdobramentos

No aspecto prático, a conferência teve o mérito de ter sido a primeira a conseguir colocar na mesma mesa tantos líderes mundiais — houve presença maciça de chefes de Estado no Rio. E os desdobramentos que ficaram, além da temática incorporada ao debate público, são os tratados e conferências costurados posteriormente.

Lima explica que a Eco-92 criou "as chamadas convenções-quadro da ONU: para o clima, para a conservação da biodiversidade, e de combate à desertificação".

"São acordos importantíssimos e que até hoje norteiam a política ambiental internacional”, avalia. "Se temos desde os anos 1990 encontros anuais das conferências do clima [as chamadas COP], entre outros, devemos isso àqueles acordos firmados no Rio em 1992. Essas conferência se dão todas dentro do contexto daquelas convenções."

"As conferências do clima são a formalização da Eco-92", define o ambientalista Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.

O mesmo vale para os tratados firmados. Em 1997, por exemplo, foi assinado o Protocolo de Quioto, uma consequência da convenção-quadro do clima estabelecida na Eco-92. E, em 2015, o Acordo de Paris.

"Os frutos do evento, portanto, seguem tendo desdobramentos positivos. Não ficaram lá atrás limitados ao evento em si", argumenta o biólogo Lima.

O ambientalista Astrini afirma que a partir da Eco-92 "o mundo passou a encarar os problemas do clima com muito mais seriedade". "Os olhos do mundo estavam acompanhando o que estava sendo falado no Rio de Janeiro, palco privilegiado para o tema, que ganhou um espaço nunca havido antes", comenta.

Ele concorda que a conferência criou "as bases para protocolos como o de Quioto" e também para as cúpulas sobre clima. "Ali foi dado o passo decisivo para todos os debates que até hoje acontecem sobre clima", diz Astrini.

A partir de Estocolmo

A conferência ocorrida no Rio em 1992 partia de um marco histórico: exatos 20 anos antes, em 1972, o primeiro grande evento do mundo dedicado ao meio ambiente havia ocorrido em Estocolmo, na Suécia. O escopo de ambos era o mesmo — a diferença foi a maneira como a edição brasileira conseguiu congregar chefes de Estado e atrair holofotes.

Além do aspecto político, houve também uma intensa apresentação de pesquisas científicas e a participação maciça, em uma espécie de evento paralelo, de organizações não governamentais dedicadas à preservação do meio ambiente.

Entre os resultados, destacam-se ainda a publicação de alguns documentos oficiais que, de certa forma, até hoje norteiam discussões ambientais. É o caso da Carta da Terra e da Agenda 21.

Considerado o principal documento daquela conferência, o Agenda 21 procura conciliar métodos de preservação ambiental com eficiência econômica e justiça social. Apresenta-se como um programa, com a pretensão de viabilizar um padrão de desenvolvimento que seja compatível com o meio ambiente.

Mas nem tudo se traduziu em avanços. Uma quarta convenção-quadro, sobre florestas, foi propostas mas acabou não sendo criada — o próprio Brasil foi contrário, "temendo intromissão estrangeira" em suas florestas, aponta o biólogo Lima.

"O que também deixou a desejar foi a superficialidade do compromisso dos países ricos, firmado à ocasião num mundo ainda bastante otimista com […] uma ideia de que não havia mais competição geopolítica [era um momento de fim da Guerra Fria]", acrescenta Lima.

"Um dos fundamentos de todos esses acordos e convenções firmados na Rio-92 foi a distinção entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento, e que os primeiros liderariam a transição, reduzindo as suas emissões, e auxiliando os países em desenvolvimento com apoio financeiro e transferência de tecnologia", complementa o biólogo. "Infelizmente, isso não ocorreu nem de longe na medida necessária."

Feldmann argumenta que enquanto as conferências internacionais servem para "apontar caminhos e criar compromissos éticos e legais", elas não têm "capacidade de garantir a implementação". "Isso sempre depende de governos, empresas, indivíduos, enfim, da sociedade."

Peso político

Na avaliação de especialistas, o gigantismo da Eco-92 reside na maneira como envolveu o planeta. "A premissa é que as conferências sejam grandes marcos políticos. A Rio 92 foi a maior delas em termos de presença de chefes de Estado e importância. E, por isso, uma nova conferência tem de ser realizada com uma agenda que possa reunir governos e sociedade, e fazer diferença", diz Feldmann.

Trinta anos depois da conferência histórica, o Brasil não só descartou reeditar um evento nas proporções da Eco-92 como vê seu papel nas negociações em torno do meio ambiente seriamente comprometidos pela forma inadequada com que o atual governo federal conduz as políticas do setor.

 

Fonte: Dw.com

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Crise climática e mudanças no uso da terra serão principais ativadores do fogo; autores do relatório do Pnuma defendem mudança radical na maneira como os governos estão lidando com a prevenção do desastre natural.  

Os incêndios florestais deverão aumentar em 50% até 2100, de acordo com um novo relatório do Programa da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma, lançado nesta quarta-feira. Os autores do estudo alertam: os governos não estão preparados e precisam mudar radicalmente a maneira como tentam prevenir este tipo de desastre natural.  

O estudo revela ainda que o Ártico e outras regiões que antes não eram afetadas estão agora com um alto risco de enfrentarem incêndios. Segundo os especialistas, o financiamento para prevenção do problema não está sendo aplicado onde deveria. 

A diretora-executiva do Pnuma, Inger Andersen, declarou que “bombeiros e outros trabalhadores da linha de frente estão arriscando suas vidas para combater incêndios florestais e precisam de apoio”. 

A chefe do Pnuma destaca também a importância de “minimizar os riscos de fogos florestais extremos” e para isso, preparação é essencial. Andersen pede mais investimentos na redução de riscos de incêndios, trabalho com comunidades locais e reforço do compromisso global de luta contra a mudança climática.  

O relatório “Se espalhando como fogo: a crescente ameaça dos extraordinários incêndios florestais” está sendo lançando antes da Assembleia do Meio Ambiente da ONU, que acontecerá em Nairobi, no Quênia, entre 28 de fevereiro e 2 de março. Representantes de 193 países estarão no evento.  

Segundo o Pnuma, os incêndios florestais afetam as nações mais pobres do mundo de forma desproporcional, com impactos que persistem mesmo após o fogo ter sido controlado. Com isso, os progressos para o desenvolvimento sustentável são prejudicados e as desigualdades sociais aumentam.  

O relatório da agência da ONU lembra ainda que a saúde das pessoas é afetada diretamente, uma vez que os incêndios podem causar problemas respiratórios e cardiovasculares. Outro problema é o custo para reconstruir o que foi destruído pelo fogo, principalmente nos países de renda baixa.  

Os incêndios florestais também têm causado enormes danos ao ecossistema, colocando diversas espécies de plantas ou de animais em risco de extinção. O estudo do Pnuma menciona os incêndios ocorridos na Austrália em 2020, que acabaram com bilhões de animais domésticos e selvagens.  

O documento faz uma ligação direta entre mudança climática e maior risco de incêndios, devido ao aumento das secas, da alta temperatura do ar, da baixa umidade relativa, raios e fortes ventos, que resultam em temporadas de fogo mais quentes, mais secas e mais longas. 

O Pnuma sugere uma combinação de dados e de monitoramento científico juntamente com conhecimentos dos povos indígenas, para uma cooperação regional e internacional mais forte.  

Aos governos, é feito um apelo para que adotem a chamada “Fórmula Pronta para o Fogo”, com dois terços do investimento direcionado para planejamento, prevenção, preparo e recuperação, e um terço do dinheiro sendo usado para trabalhos de resposta.  

Atualmente, metade das despesas relacionadas ao problema é gasta em trabalhos de resposta, sendo que menos de 1% é utilizado para prevenir incêndios. Os autores do relatório querem que seja também melhorado o padrão global para segurança e saúde de bombeiros, reduzindo as ameçadas enfrentadas durante o combate ao fogo.  

O estudo do Pnuma sugere maior conscientização sobre os riscos de inalar fumaça e garantias de que esses profissionais recebam hidratação e nutrição adequadas, além de descanso e tempo de recuperação entre as jornadas de trabalho.  

  

Fonte: News.un.org

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Relatório do Instituto Innocenti, apoiado pelo Unicef, foca em excesso de consumo em nações ricas e acesso dos menores de idade a locais verdes, com luz natural, além de avaliar exposição às poluições do ar e sonora; adolescentes portugueses extremamente preocupados com impactos da mudança climática.  

O consumo excessivo nos países mais ricos está destruindo os ambientes para as crianças ao redor do mundo. Esta é a principal conclusão de um relatório divulgado pelo Instituto Innocenti, apoiado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, nesta terça-feira.  

Finlândia, Islândia, Holanda e Noruega fornecem ambientes saudáveis para os menores de idade, mas essas nações contribuem de forma desproporcional para a destruição do meio ambiente global. 

Se todas as pessoas no mundo consumissem recursos na mesma proporção dos habitantes do Canadá e dos Estados Unidos, por exemplo, seriam necessários pelo menos cinco planetas Terra para dar conta dos níveis de consumo.  

O estudo avalia 39 países da União Europa e da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. O relatório traz diversos indicadores, como exposição ao ar tóxico, a pesticidas, a ambientes com umidade ou chumbo, acesso à luz natural, a espaços verdes e a rodovias seguras e contribuição para a crise climática. 

O Unicef fez um ranking obtido a partir da média das notas de cada nação por indicador, colocando Portugal em terceiro lugar, atrás apenas da Espanha e da Irlanda.  

Portugal é mencionado diversas vezes no estudo: uma entre cinco crianças que vivem em Portugal está exposta à umidade e ao mofo dentro de casa, mesma situação observada na Islândia e no Reino Unido.  

Em relação às nações com o menor índice de exposição à poluição do ar, Portugal ocupa o 11º lugar da lista. O relatório do Unicef avalia também se as famílias conseguem aquecer suas casas durante os dias frios, sendo que em Portugal, 35% dos lares mais pobres não têm calefação.  

O país também ocupa umas das últimas posições do ranking sobre porcentagem de crianças que vivem em casas que são muito escuras. O Unicef lembra que um ambiente com luz natural é essencial para o humor dos menores, sendo que a luz direta produz vitamina D e melhora todo o sistema imunitário.  

A exposição das crianças à poluição sonora também foi considerada alta em Malta, Holanda e Portugal. Os efeitos para a saúde são diversos, incluindo estresse redução da função cognitiva e impactos negativos na performance escolar.  

Em Portugal, 7,6% dos menores de 18 anos vivem em áreas com alto risco de poluição por pesticidas, enquanto na Dinamarca, Estônia e Finlândia o índice é zero. No fim da lista, estão Bélgica, Israel e Polônia, com taxas de 9% ou mais.  

O levantamento do Unicef também traz dados sobre ambientes propícios para estudar, sendo que 92% dos adolescentes portugueses com 15 anos têm em casa uma mesa própria e um lugar silencioso para aprender.  

O relatório avalia também o acesso das crianças a ambientes externos e espaços verdes, essenciais para a saúde física e mental. O país com a melhor posição é a Finlândia, onde existem o equivalente a 5,7 espaços urbanos verdes por pessoas; em Portugal, a média é de 4,7 por habitante.  

Os portugueses têm ainda uma das melhores pegadas de carbono entre os países que fazem parte do estudo, emitindo em média 5,1 toneladas métricas de CO2 por ano, sendo que nos Estados Unidos, a média são 17 toneladas métricas.  

Ansiedade dos jovens 

O estudo avalia como está a ansiedade dos jovens em relação ao meio ambiente e à mudança climática. Uma pesquisa de 2021 na Austrália, França, Portugal, Reino Unidos e Estados Unidos descobriu que a maioria dos jovens de 16 a 25 anos acredita que os governos estão falhando em relação ao tema, sendo que dois entre cinco se mostraram hesitantes em ter filhos devido à crise climática.  

Em todos os países, a maioria dos jovens se mostrou preocupada com a mudança climática, sendo que os mais angustiados são os que vivem em Portugal: 65% descreveram suas preocupações como alta ou extrema. O Unicef nota que o país têm enfrentado um aumento dos incêndios florestais desde 2017.  

O Unicef faz uma série de recomendações aos países, incluindo um pedido para as políticas ambientais levem em conta as necessidades das crianças.  

 

Fonte: News.un.org

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Material causa sérios riscos para o meio ambiente e para a saúde humana, afetando direitos à um padrão adequado de vida; ideia é que Assembleia do Meio Ambiente da ONU, Unea, inicie negociações para um acordo juridicamente vinculativo sobre uso de plásticos.  

Especialistas da ONU em direitos humanos estão fazendo um apelo à Assembleia do Meio Ambiente das Nações Unidas, Unea, para que trate da “onda cada vez maior de plásticos”, iniciando negociações internacionais para um novo acordo juridicamente vinculativo.  

A Unea é o maior órgão mundial de tomada de decisões sobre o meio ambiente. O relator especial* sobre tóxicos e direitos humanos, Marcos Orellana, declarou que “os plásticos são uma ameaça global aos direitos, não somente ao direito a um ambiente saudável, mas também aos direitos à vida, à saúde, à água e a um padrão de vida adequado.

Para que o planeta permança habitável, o relator sobre direitos humanos e meio amiente, David Boyd, sugere à Unea que comece as negociações para um acordo internacional. O pedido acontece antes do encontro bianual dos 193 países-membros da Unea, marcado para os dias 28 de fevereiro a 2 de março.  

Os especialistas independentes, nomeados pelo Conselho de Direitos Humanos, estão alarmados com a “intoxicação severa do planeta”. Eles declararam que as evidências científicas mostram que a humanidade já ultrapassou os limites planetários, incluindo o limite de uso para químicos e dejetos e por isso, a Unea têm “a oportunidade e a responsabilidade de tomar uma medida ousada para reverter esse curso de autodestruição.” 

Os relatores explicam que todo o ciclo de vida do plástico impacta de forma negativa os direitos humanos e por isso, o novo tratado precisa englobar todos os estágios, desde a extração de combustíveis fósseis para a fabricação do plástico até o descarte do material.  

Este acordo deve ainda incorporar padrões de direitos humanos e garantias de acesso à informação, especialmente sobre químicos adicionados ao plástico e sobre produtores de plástico.  

 

Fonte: News.un.org

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